Quando eu vim pra Suíça pela 1ª vez, nos idos de 2009, comprei um relógio da Swatch pra Mivó. Foi o último presente que dei pra Mivó antes que recebesse o diagnóstico de ELA. Quase exatamente um ano depois de presenteá-la com o relógio, a Mivó morreu.
De todas as coisas que eram da Mivó, eu só quis ficar com os relógios. A Mivó amava seus relógios, tinha uma coleção, e tinha um que ela usava toda noite pra dormir – que escolhi usar no meu casamento. Os relógios da Mivó não eram necessariamente caros, mas eram todos escolhidos com cuidado por ela. O relógio que ela usava pra dormir, por exemplo, não era nem de longe o mais caro ou o mais bonito que ela tinha – mas era o relógio que ela usava todos os dias, sem exceção. Fora o Apple Watch, acho que nunca comprei um relógio nesses anos todos.
Eis que o tal relógio da Swatch parou de funcionar quando mudamos pra Armênia. Quando fui pro Brasil, levei pra trocar a bateria, mas me foi informado que o relógio estava com um problema e que eles não tinham as ferramentas ou peças necessárias pra consertá-lo.
Ao sabermos da mudança pra Suíça, pensei imediatamente que seria a minha chance de consertar esse relógio. Hoje, perto de completar 1 ano e 5 meses de Berna, recebi a notícia de que o relógio que comprei pra Mivó neste mesmo país há quase 12 anos atrás não tem mais conserto.