registro confessional

enquanto eu lia o (ótimo) Um ano sem Zara, me lembrei de que ainda não tinha registrado uma coisa muito importante: eu devolvi o meu cartão de crédito para o meu pai.

pois é. desde os idos de 2008, quando Mivó me deu a independência do meu próprio Visa, me tornei uma pessoa ainda mais consumista do que sempre fui. e, desde a doença da Mivó, e sua subsequente morte, meu pai me deu um cartão que deveria “substituir” aquele que ela bancava, porque, né, eu nāo tinha mais colhões de gastar o dinheiro da Mivó – por mais que ela insistisse.

— aliás, to com uma saudade absurda dela. quero dizer, sinto uma saudade absurda todo dia, mas, desde sexta, tá bem pior. ai, Mivó, você deixou um vazio absurdo na minha vida. —

mas, enfim. voltando ao cartão. lógico que esse então novo Visa, bancado pelo papai, não seria jamais igual aquele que eu tinha antes, porque meu pai acredita fielmente no poder de usar as mesmas roupas há 20 ou 50 anos; logicamente, ele não entende a minha necessidade em gastar dinheiro em acessos fashionistas, tampouco com acessórios, sapatos, etc, etc.

ou seja: eu tinha um cartão, mas precisava controlar os gastos. o problema é que o meu padrão de controle de gastos é naturalmente diferente do padrão do meu pai, e demorou uns 2 meses pra gente entrar num acordo.

em viagens, ok, o cartão ficava mais liberado. o problema era o in-between viagens, que aconteceu 2 vezes em menos de 3 meses. o in-between-trips me dava vontade de gastar – até porque, né, verão, verãozão, verão sem meus amigos todo dia, Moreira César tentação da minha vida, lançamentos de coleções outono-inverno… enfim. e sem contar essa minha mania de ler tudo o que existe sobre moda e me informar das tendências e querer aplicar tudo à minha vida (quero dizer, quase tudo, porque eu tenho noção e sei muito bem o que o meu corpo pode ou não suportar).

e foi aí que, uma semana depois de ter chegado de Israel, eu decidi devolver o cartão de crédito pro meu pai. e, olha, é como se eu tirasse um peso da minha vida.

porque comprar é muito bom. eu amo comprar. eu poderia comprar o dia inteiro. mas aí eu ia encher o meu armário, que já é cheio demais. e, se eu continuasse com o Visa na minha vida desse jeito, eu provavelmente não teria me habilitado a arrumar meu armário nesse final de semana, me dando conta de que eu tenho um número sem fim de roupas lindas, esperando para serem aproveitadas – e o pior: algumas delas ainda nem foram usadas.

de forma alguma esse é o fim das compras. ontem mesmo saí com a mamãe, que é sempre a melhor companhia, e ela me deu um vestido e uma sandália. mas, ao abrir mão da independência (ou seria dependência?) do cartão de crédito, pude abrir mais os meus olhos para outras possibilidades, e depender mais dos meus pais para fazer minhas compras, contando sempre com a opinião deles, e o fundamental olhar clínico de quem sabe muito mais do que eu e pode me ajudar a fazer compras ainda mais inteligentes.

 

— btw, vale registrar o comentário do meu pai, que conhece muito bem a filha sedentária que tem, sobre a foto do post anterior: “nossa, não sabia que você podia pular tão alto!”

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