Essa semana foi muito, muito corrida (pra não dizer louca).
Segunda feira estava chovendo, pra variar. Saí da aula e, ao invés de me aventurar muito por aí, visitei a Sommerset House pra conferir a exposição de fotografias dos 50 anos dos Rolling Stones. 50 fotografias “resumindo” 50 anos de história. Uma palavra: IRADO. Adoro Rolling Stones, e fico cada vez mais fã quando posso ver algumas coisas sobre a trajetória dos caras. Depois de ver a exposição, naturalmente voltei pro cupboard pra estudar.
A terça feira era o dia da apresentação sobre nuclear deterrence. Eu naturalmente estava uma pilha. Acabou que deu tudo certo, e o professor ficou satisfeito com a nossa apresentação. Quando voltei pro cupboard, eu estava tão cansada mentalmente que eu só queria andar por aí sem rumo, ouvindo música, comendo porcaria. Fui parar lá na Tower Bridge, comi um cachorro quente com Coca Cola, e aproveitei um fim de tarde fresco na beira do rio.
Na quarta, não me senti muito bem de manhã, e acabei resolvendo sair da aula mais cedo, pra descansar e aguentar de noite ir ao Royal Albert Hall pra BBC Proms. Conversei com a mamãe a tarde inteira, e ela mandou(!) que eu saísse no dia seguinte do cupboard e fosse pro hotel.
E eu vim. Na quinta feira, mesmo tendo dormido tarde por conta do BBC Proms (que foi muito bacana), acordei cedinho e vim pro Strand Palace Hotel. Que diferença! Guerra sem conforto é extermínio. Isso é uma verdade incontestável! Não há nada melhor do que tomar um bom banho e dormir numa cama confortável – especialmente depois de quase 3 semanas de perrengue puro. Mas quinta ainda era dia de aula, e foi o dia de entregar o ensaio, e eu logicamente tive que passar por uma mini odisséia pra conseguir imprimir o trabalho. De tarde, tivemos aula no Imperial War Museum, oficialmente eleito meu lugar favorito em Londres. Quando a noite chegou, jantei com meus colegas de turma no Bella Italia e depois fomos pro Waterfront, o pub da King’s College, pro evento de encerramento. Foi divertido, mas eu não aguentei ficar até muito tarde porque estava morta da “mudança” e estava doida pra dormir na minha cama confortável.
Sexta de manhã foi a cerimônia de encerramento da Summer School. Foi bem triste despedir de todo mundo. Perrengues à parte, eu vou sentir falta. Almocei num japonês e decidi que dedicaria esse final de semana a andar por aí, meio sem rumo, e acabei revisitando alguns lugares que gostei de conhecer. Quando dei por mim, estava lá na Harrods. Imagina o problema… Pra evitar estragos muito grandes, resolvi call it a day. Voltei pro hotel, tomei um banho, me ajeitei, e fui jantar num restaurante chinês (que chama Gold Mine mas que será pra sempre lembrado por mim como “o Chi Fu britânico”) com meus amiguinhos singaporeanos.
Na madrugada de sexta pra sábado, por volta das 3 da manhã, o alarme de incêndio do hotel tocou. Foi uma correria danada. Engraçado pensar na reação que eu tive: assim que me dei conta do que estava acontecendo (uns 3 seg depois de perceber que eu tinha realmente acordado e não estava sonhando e que tinha que sair logo do quarto), eu simplesmente agarrei a Tasha (pra quem não sabe, a Tasha é a minha coelha de pano feita pela minha vó Laércia antes de eu nascer e sem a qual eu não durmo nunca) e desci correndo as escadas; larguei no quarto passaporte, dinheiro, eletrônicos, tudo. Só quando já estava no lobby do hotel é que me dei conta do que tinha deixado pra trás. Ainda bem que não foi nada demais (aparentemente algum hóspede fumou no quarto e aí o alarme foi acionado), e logo pudemos retornar aos quartos e ficou tudo bem. Mas, pra dormir depois do susto, foi um sufuco.
Ontem de manhã duas coisas ruins aconteceram: logo que saí por aí na parte 2 da minha expedição exploradora sem rumo por Londres, com a câmera profissional em punho, me dei conta de que a lente 18-55mm estava com uma parte que conecta a lente ao corpo da câmera solta (a lente ainda funciona, mas não é seguro usá-la desse jeito porque pode forçar e o dano pode ser maior; naturalmente, só vou poder tentar consertar no Brasil, porque aqui não dava mais tempo); e, em seguida dessa descoberta, me dei conta de que tinha largado o guarda chuva da Grifinória no cupboard no alojamento na Stamford Street. Chateada é pouco pro que eu fiquei. Mas, não ia adiantar de nada ficar emburrada no meu último final de semana em Londres, então voltei rapidinho no hotel, deixei a câmera profissional (a outra lente é 55-200mm, então não é muito prática pro tipo de fotografia que eu tenho feito aqui) no quarto, e voltei a me perder pelas ruas. Logo consegui encontrar um lugar que queria muito visitar: Churchil War Rooms. Achei muito interessante poder ver como o então Prime Minister viveu durante os períodos mais difíceis da Segunda Guerra Mundial, além de ver a exposição do Churchill Museum. De lá, resolvi que ia andando até Oxford Street pro que seria uma “última olhadinha” nas lojas, mas fui desencorajada por uma funcionária do Buckingham Palace a andar até lá, então cedi ao metrô. Chegando em Oxford Street, acho que não aguentei nem meia hora, de tão cheia, quase insuportável. Rumei pra Covent Garden, onde encontrei (finalmente!) vaga num pub pra almoçar, e comi mais fish n chips. Logo voltei pro hotel pra descansar um pouco e, mais tarde, jantei no Bella Italia mais próximo antes de começar oficialmente a minha despedida da cidade da melhor forma possível: assisti ao musical The Lion King. Sentada num lugar privilegiado, eu comecei a chorar logo no iniciozinho de Circle of Life. O resto, bem, eu não preciso nem dizer o quanto fiquei emocionada. Eu não saberia mesmo explicar.
Hoje acordei e fui pra St Paul’s Cathedral. Estava com saudade de participar de uma missa, e acabei chegando na Catedral em tempo de participar da missa solene. Foi maravilhoso! E que dia maravilhoso foi hoje… Parecia verão! Depois de almoçar e cruzar a Millenium Bridge para uma tentativa de visitar o Tate Modern, decidi que o dia de hoje não pedia museu, mas sim aproveitar o sol e o céu azul e lindo. Catei um livro e fui pro Hyde Park; sentei na grama, tomei sorvete, agradeci a Deus a oportunidade de estar aqui.
A verdade é que, mesmo aos trancos e barrancos, a minha estada em Londres foi muito bacana. Novas e antigas amizades, um final de semana incrível com o meu amor, uma visita aos estúdios Leavesden, e muitas, muitas histórias pra contar.
A fase Londres da minha viagem acabou (quero dizer, mais ou menos, ainda falta terminar de arrumar as malas…), mas essa semana ainda tem um chorinho de Reino Unido pra aproveitar. Amanhã vou pra Edinburgh, onde fico até quinta, e enfim volto pra casa. Confesso que estou morrendo de saudade, e que não sei quando terei coragem de fazer outra viagem assim, sozinha. Esse mês de julho tem sido muito importante pro meu crescimento e aprendizado de maneira geral, e tenho percebido, a cada dia, que não gosto de conviver com essa solidão que a vida no estrangeiro impõe aos que se acham independentes demais.
Eu sempre me achei independente demais, e olha só o que tá acontecendo: eu não vejo a hora de voltar pra casa.