Em 2017, quando fizemos nossa eurotrip de verão, pensamos seriamente em ir até Budapeste, porém percebemos que ficava um pouco fora de mão para o roteiro. Tanto eu quanto o marido éramos doidos para conhecer a capital da Hungria; logo, quando começamos a pensar o roteiro da nossa road trip pelo Leste Europeu, nós não tivemos a menor dúvida de que passaríamos por Budapeste.
Antes de contar detalhes sobre os lugares que visitamos na cidade, quero reunir aqui as principais curiosidades históricas para quem vai visitar a linda capital da Hungria.
1- Budapeste é, na verdade, Buda & Peste: muita gente já sabe disso, mas não custa reforçar. A cidade de Budapeste como conhecemos hoje começou a tomar forma a partir de 1849, com a inauguração da Széchenyi lánchíd, que tinha por objetivo desenvolver mais rapidamente Óbuda, Buda e Peste. Em 1686, após ocupação turca, Charles de Lorraine reconquistou Óbuda, Buda e Peste para a dinastia Habsburgo. Durante o reinado da Imperatriz Maria Theresa, foram tomadas várias medidas para acelerar o desenvolvimento econômico de Buda e Peste. Em 1777, Buda se tornou uma cidade universitária, mas perdeu o título para Peste poucos anos depois, quando a margem esquerda do Danúbio se tornou o centro político e intelectual da Hungria. Em 1867, o Imperador Francisco José I e a Imperatriz Elizabeth (a famosa “Sissi”) foram coroados na Igreja de Matthias, e a monarquia Austro-Húngara do Danúbio foi estabelecida. Na história de Budapeste, o ano de 1872 foi importantíssimo porque só então as três regiões separadas de Pest, Buda e Óbuda (que significa, literalmente, “velha” Buda) foram unidas como uma única cidade, com uma população de mais de 150 mil pessoas. Então Budapeste se tornou oficialmente a capital da Hungria, e desenvolveu-se rapidamente em tamanho e importância.
2- Moeda: embora faça parte da União Européia e da Zona de Schengen, a Hungria não faz parte da zona do Euro, e a moeda em circulação é o Florim Húngaro (HUF). 1 euro equivale a cerca de 319 HUF, e há várias casas de câmbio pelo centro de Peste, onde os procedimentos para trocar dinheiro são bastante simples.
3- Budapeste tem 11 pontes: Árpád híd, Margit híd, Széchenyi lánchíd, Erzsébet híd, Szabadság híd, Petőfi híd, Lágymányosi híd, Deák Ferenc híd e outras 2 pontes ferroviárias. A mais famosa delas é, sem dúvida, Széchenyi lánchíd – ou “ponte das correntes” – que liga a Praça Roosevelt à Praça Adam Clark.
4- Durante a Segunda Guerra Mundial, a Hungria foi ocupada pelos nazistas. Em maio de 1944, teve início a deportação de judeus húngaros para Auschwitz e, em apenas oito semanas, cerca de 424 mil judeus foram deportados para a Polônia. Ao final do Holocausto, cerca de 565 mil judeus húngaros foram executados. Entre 1944 e 1945, os partidários fascistas da Cruz de Ferro executaram 3.500 vítimas (entre as quais 800 judeus) no Danúbio, que foram homenageadas pelo emocionante monumento dos 60 sapatos de ferro à beira do Danúbio, concebida pelo diretor de cinema Can Togay e executada pelo escultor Gyula Pauer. As vítimas da Cruz de Ferro recebiam a ordem de tirar seus sapatos antes de serem executadas por tiros à beira do rio para que seus corpos caíssem no Danúbio e fossem levados pela correnteza. O memorial criado por Togay & Pauer recria os sapatos deixados à margem do rio, com modelos adequados ao período histórico. No outono de 1944, Budapeste tornou-se uma linha de frente para os nazistas e sofreu severos danos, especialmente no quarteirão do castelo onde unidades do exército nazista estavam barricadas.
5- A partir de 13 de fevereiro de 1945, as tropas soviéticas passaram a controlar Budapeste, que passou a ser comandada pelas diretrizes soviéticas. No outono de 1956, levantes populares foram fomentados pelas questões políticas e econômicas, tendo sido severamente reprimidas pelas forças de ordem húngaras e soviéticas. Entre 1960 e 1970, os prédios destruídos começaram a ser reconstruídos, bem como a abertura da Ponte Elisabeth, a extensão do sistema de metrô, a renovação do antigo centro da cidade (principalmente do quarteirão do castelo), e a construção de grandes hotéis de luxo às margens do Danúbio. O “comunismo de goulash” encorajou um aumento no turismo, recebendo principalmente visitantes da Europa Oriental e Ocidental. As mudanças políticas de 1989 acarretaram na queda da Cortina de Ferro na fronteira austro-húngara.
6- O transporte público em Budapeste é bastante eficaz, mas também é muito agradável caminhar à pé pela cidade. Em outubro de 2018, o aplicativo Uber ainda não funcionava na cidade, e as tarifas de táxi não são muito atrativas. Eu e marido só usamos o transporte público na parte da manhã de um único dia, para irmos até o Memento Park; no restante do tempo, preferimos, como sempre, caminhar pela cidade.
7- Desde 1934, Budapeste é conhecida como “A Cidade dos Spas” por ter a maior concentração de fontes de água medicinais e termais do que qualquer outra capital do mundo. São 118 fontes em Budapeste, gerando mais de 70 milhões de litros de água termal por dia. A temperatura da água varia entre 21 e 78 Celsius. De acordo com os registros históricos, os romanos já desfrutavam das águas termais de Budapeste desde o século II, mas foi somente durante a ocupação turca no século XVI que essa cultura aquática começou a se propagar. Hoje, são 15 piscinas térmicas públicas em Budapeste, sem contar os spas termais privados localizados em hotéis de luxo. O spa no Hotel Gellért é aberto ao público, com tarifas diárias a partir de 20 euros.