Shalom e salam, Jerusalém!

Ao anoitecer do dia 16 de agosto, uma terça feira, depois de esperarmos por mais de uma hora pela entrega das malas no aeroporto de Tel Aviv, fizemos o percurso de carro do aeroporto até Jerusalém, oficialmente nossa nova cidade pelos próximos anos.

Muro das Lamentações e o Domo da Rocha

Em março de 2011, muito antes mesmo de sequer imaginar que eu namoraria o Felipe, eu vim pra Israel e Palestina numa viagem-estudo que marcou a minha vida. Desde então, sempre tive vontade de voltar, mas jamais pensei que teria a oportunidade de morar na Terra Santa, que me desperta tanta curiosidade tanto religiosa/espiritual quanto acadêmica.

diretamente de março de 2011

Os primeiros dias aqui foram bastante caóticos, bem mais do que em Yerevan ou Berna, porque a procura por imóveis já começou na quarta bem cedo: enquanto Felipe ia de carona para o Escritório de Representação em Ramallah, eu iniciava a “pesquisa de campo” pra encontrar nossa nova casa, antes mesmo de organizar o apartamento provisório.

Quando consegui ter uma trégua nessa busca, logo fui ao hospital mais próximo de onde estamos para ser examinada, já que era urgente ver qual o real impacto que a COVID teve na minha saúde. A ideia inicial era procurar um otorrino, mas os colegas do Felipe disseram que o hospital Saint Joseph tinha um atendimento de emergência excelente, e assim fiz. Realmente fui super bem atendida e, graças a Deus, meu exame de sangue tá ótimo e meus pulmões estão limpos, sem sequelas. A asma há de ser controlada com o aumento das doses dos medicamentos. Fato é que fui ao hospital ver a quantas andava a asma e saí de lá com uma consulta marcada com o ortopedista pra hoje, que vai dar uma olhada geral nos meus pés e tornozelos – desde as unhas encravadas até as dores que sinto pra caminhar.

Rolê no hospital

Jerusalém é uma cidade bem maior do que Yerevan ou Berna, e isso acaba impactando nos deslocamento. Os bairros onde o pessoal do serviço exterior costuma morar são Sheikh Jarrah e French Hill, e qualquer ida ao centro da cidade (onde fica o principal comércio) demora pelo menos 20min de tram (que é ótimo, por sinal). O trânsito na cidade é bastante intenso, principalmente antes das 9h30 e depois das 16h. Por conta da burocracia envolvida, vai demorar pra termos nosso carro, mas já conseguimos adiantar a parte que nos cabia. Ontem eu andei de ônibus pela primeira vez e também achei ótimo – super limpo, com ar condicionado (absolutamente necessário no calorão que tá fazendo aqui), e com entradas USB pra cada assento. Tá certo que eu não peguei o ônibus em horário de pico, mas mesmo assim tive uma impressão bem boa, embora o trajeto tenha sido bem longo e, consequentemente, cansativo. Também já soubemos que o trem entre Tel Aviv e Jerusalém é ótimo, e devemos testar esse percurso em breve.

dentro da Igreja do Santo Sepulcro

Na semana passada mesmo eu já conheci alguns dos colegas do marido e respectivas esposas, e todos nos acolheram de uma forma ímpar. A equipe em Ramallah é a maior das nossas 3 missões até agora (e também do que no Zimbábue) então ainda falta conhecer outras pessoas e seus cônjuges. A recepção que recebemos aqui só contribuiu pra sensação de que fizemos uma escolha acertada ao aceitar a lotação em Ramallah. Na última missa que participei em Berna, a 1ª leitura foi um trecho de Isaías 66 que diz assim: “Regozijai-vos com Jerusalém e encontrai aí a vossa alegria (…). Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém.” Mais do que nunca, naquele dia eu senti Deus falando comigo, confirmando que estamos trilhando o caminho que Ele desenhou pra nós. Nesses (quase) 10 dias aqui, tenho sentido uma serenidade que há tempo não sentia e, mesmo ainda não tendo conseguido participar da missa aqui ou mesmo (re)visitar todos os lugares santos na cidade, sinto a presença de Deus em cada detalhe. Em todas as decisões que tivemos que tomar desde que chegamos aqui, pedi iluminação divina, e falava pra Nossa Senhora: minha Mãezinha, a Senhora foi dona de casa aqui nesse lugar, me ajuda! E, como sempre, ela tem me ajudado muito.

Desde 2010, o dia 16 de agosto tem sido de uma particular saudade triste, marcando o aniversário de morte da Mivó. Agora, essa data marca também a nossa mudança pra cá, e eu tenho certeza de que não foi por acaso. Eu sinto que até nisso tem a mão de Deus, pra trazer uma nova alegria pra esse dia que vai me ajudar a contornar a tristeza da saudade que eu sinto.

Aos poucos, a vida vai entrando nos eixos, e vamos nos adaptando à nova rotina. É claro que essa adaptação não acontece de uma hora pra outra, e nós já sabemos que fica mais fácil depois que temos nossa casa definitiva. Mesmo assim, a partir da semana que vem eu já quero tentar implementar um “horário de trabalho” mais definido pra mim (embora eu ainda esteja de férias até fins de setembro) porque a tese não vai se escrever sozinha! E eu também quero escrever mais por aqui – eu sei que já falei isso milhares de vezes nos últimos 3 anos, mas dessa vez é pra valer, já que me parece que a rotina aqui vai ser bem mais leve do que na Suíça e eu acho que vou conseguir administrar melhor o meu tempo.

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