walk

desde que eu me entendo por gente, eu sonho em ir a Londres. ao longo dos anos, essa vontade foi potencializada por motivos como o rock n’roll, Harry Potter, história das guerras, etc (não necessariamente nessa ordem).

eu acreditei, por muitos anos, que o primeiro lugar na Europa que visitaria seria Londres, por conta dessa minha fascinação. acontece que a vida tem seu próprio curso, e Deus sabe o que faz, e eu acabei indo primeiro à Genebra e a Paris, em 2009, e passando uma noite em Madrid, em 2011. na verdade, eu já viajei muito mais do que eu um dia sonhei, e não dá pra reclamar de não ter ido pra Londres até agora.

acontece que, no ano passado, foi anunciado que, na primavera (do Hemisfério Norte) deste ano Leavesden seria aberto à visitação do público sob o nome de WB Studio Tour: The Making of Harry Potter. imediatamente eu surtei, pulei, gritei: quantas vezes eu tinha sonhado em visitar os estúdios onde, por 10 anos, a magia se tornou real? eu simplesmente tinha que ir lá tão logo fosse possível.

foi no ano passado, mas lembro-me com nitidez: papai, mamãe e eu, os 3, sentados na sala, assistindo tv. entre uma coisa e outra, pedi a eles que me deixassem ir ao Reino Unido em 2012. argumentei que não aguentava mais esperar pra visitar o lugar com o qual tanto sonhei, e que visitar os estúdios onde filmaram Harry Potter era da mais alta importância pra mim. pedi pra deixarem que eu fosse pra Londres, e ficasse uns 3 ou 4 dias por lá, nada muito absurdo, mas que eu queria ir lá em 2012, mais especificamente depois de março (ou seja: teria que ser nas férias do mestrado). eles me olharam com aquela cara que sempre me olham quando eu peço alguma coisa meio absurda, meio possível; disseram que iam pensar. no dia seguinte, no café da manhã, eles me propuseram que, ao invés de ficar 3 ou 4 dias por lá, procurasse um curso que pudesse acrescentar alguma coisa ao meu currículo (lattes e vitae, no sentido mais amplo da palavra), e que eles avaliariam as possibilidades das duas propostas de viagem.

foi aí o turning point da minha história. comecei a procurar cursos e possibilidades em todas as universidades de Londres e redondezas, e logo achei um que casava perfeitamente com meus objetivos e meus interesses: realizado pelo departamento de estudos de guerra da King’s College, seria oferecido nesse verão o curso chamado “Change & Continuity: World Politics since 1945“.

eu fiquei eufórica. apresentei essa proposta pros meus pais, que concordaram – desde que não atrapalhasse nas aulas do mestrado, é claro. mas só de saber que eles queriam deixar que eu passasse não 3 ou 4 dias, mas quase um mês inteiro estudando em Londres, eu chorei de felicidade. uma viagem dos sonhos estava se tornando algo palpável.

comecei as aulas no mestrado, e, pouco tempo depois, abriram-se as inscrições pra summer school. submeti todos os documentos requisitados, e esperei por uma resposta. sem muita demora, ela chegou: eu tinha sido aprovada. conversei com os profs no mestrado pra saber se não perderia nenhuma aula, e todos eles me incentivaram muito a ir. chegando em casa, devo admitir que chorei mais um bocado. era oficial: eu realmente ia vou pra Londres.

eu vou mesmo pra Londres. eu vou mesmo visitar o lugar onde a magia acontecia. eu vou até dar uma esticada até Edinburgh pra conhecer a cidade (e o pub!) onde JK Rowling escreveu o primeiro livro de uma série que há 15 anos é parte da minha vida.

confesso que não foi nada fácil abrir mão do meu posto de guia da Point pra Orlando. desde 2008, eu não sei o que é passar férias sem ir pra Flórida. desde 2008, todas as minhas férias foram de pura diversão, de dias inteiros em montanhas russas, de parques temáticos, de parques aquáticos, de calor em julho, de frio em janeiro (ou dezembro, por muita sorte e puro amor dos meus pais em 2010); desde 2008, minhas férias foram só felicidade. eu não sei o que faria pra poder ir pra Orlando e ainda assim ir pra Londres. mas a verdade é que a vida é uma sequência de escolhas, e eu escolhi realizar mais um sonho de vitae – e, de quebra, melhorar meu lattes (#bolsistasofre). e vamos combinar que eu acho que essas férias, por mais que eu as ocupe com um curso com uma carga horária razoavelmente puxada, serão bem divertidas.

depois de muita preparação (que começou com a compra do ingresso do WB Studio Tour, passou pelo pagamento do curso, da acomodação e das passagens, e terminou com o fechamento das malas), finalmente chegou o dia de ir pro aeroporto pra acordar amanhã na terra da Rainha.

eu devo confessar que a ficha ainda não caiu. mesmo com todas essas informações, mesmo toda hora me beliscando e tentando me convencer de que eu não estou sonhando, tudo parece muito surreal pra mim.

eu tive um semestre de cão, junho foi um mês super tenso, mas isso tudo acaba hoje. hoje eu vou embarcar no avião da British Airways e vou deixar pra trás todas as preocupações e todas as tristezas de um semestre muito louco. tudo bem que, enquanto estiver lá, eu tenho que escrever 3 trabalhos do mestrado; tudo bem que eu terei aulas das 9am as 5pm de segunda a quinta, e ainda terei que escrever um trabalho pra entregar no final das aulas; tá tudo bem, porque hoje eu vou pra Londres. tá tudo bem, porque eu vou passar o mês de julho em Londres. tá tudo bem, porque eu tenho certeza de  que julho será incrível.

learning to walk again. I believe I’ve waited long enough… where do I begin? learning to talk again. can’t you see I’ve waited long enough? where do I begin?

One response to “walk”

  1. As suas férias (ou quase férias) serão maravilhosas, porque londres é fantástica inglaterra é ainda mais linda do que você imagina e esse curso com certeza vai valer todo o trabalho.
    Boa viagem! Aproveite tudo!

    Mari

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